Controlada a ameaça da Covid-19, que tanto esperamos, a tarefa será recuperar a economia e os empregos na região. E o turismo, ao aquecer o comércio e os serviços, terá papel vital nesta retomada. As praias do Litoral Paulista atraem, em épocas sem pandemia, 21 milhões de turistas/ano.
Além de capacitar prestadores de serviços, criar roteiros metropolitanos e garantir segurança, o turismo no Litoral precisa, obviamente, de praias e estuários livres de esgoto. Santos é uma das cidades de praia mais saneadas do Brasil. Mas ainda tem déficits, sobretudo nas áreas de ocupações irregulares.
Mais grave ainda é que as demais cidades do Litoral têm índices inferiores de saneamento. Ou seja, no nosso estuário, que circunda a Ilha de São Vicente, há lançamento de esgoto sem tratamento. E o esgoto não respeita limites geográficos. Os dejetos são levados pelas marés, democraticamente, para toda a população, para todas as praias.
Assim, não adianta apenas nos orgulharmos dos índices de saneamento de Santos.
Mas a solução está próxima. Está em outro orgulho dos paulistas: uma das maiores empresas de saneamento do Planeta, a Sabesp, cujo capital majoritário ainda é do Estado de SP. Digo ainda porque a privatização total da Sabesp esteve nos planos do atual governo paulista.
Com uma receita líquida de R$ 18 bilhões, a Sabesp conseguiu regularizar e renovar contratos com centenas de cidades paulistas, incluindo o Litoral, garantindo segurança para novos investimentos.
Na sua escalada de crescimento, a Sabesp tenta prestar serviços em outros estados. Chegou a participar até de licitação para fazer o saneamento de Alagoas, por exemplo, onde deu um lance de R$ 1,4 bilhão para participar da disputa, embora não tenha vencido.
Aí preciso discordar. Embora tenha orgulho da Sabesp, entendo que, primeiro, esta gigante do saneamento deve concluir seus investimentos no Estado de São Paulo, principalmente no Litoral, que depende da coleta e tratamento de esgoto para a saúde da sua população e para qualificar sua vocação turística.
E fico animada, por exemplo, ao saber que a Sabesp aguarda regulamentação para poder levar redes coletoras em áreas de ocupação informal, como favelas. Isso será um grande ganho, sobretudo para Santos e demais cidades do Litoral, que têm nestes núcleos um foco de risco à saúde pública e de contaminação ambiental.
O potencial de crescimento da Sabesp parece infinito. Apenas no Brasil, mais de 1.500 cidades terão que receber aportes de R$ 20 bilhões/ano até 2033 para serem completamente saneadas. Mas, antes, a Sabesp tem que priorizar seu compromisso com o povo do Estado de São Paulo, seu acionista majoritário.