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Que o mar nos una pra salvar este navio

Foram mais de 3 mil dias de viagens durante 23 anos sem interrupções. Só para a Antártica foram seis expedições cortando os mares mais bravios do Planeta e os mais ricos em nutrientes. A primeira expedição polar brasileira aconteceu a bordo dele. Centenas de expedições científicas estão registradas em 68 diários de bordo, repletos de histórias fascinantes.

Esta história do icônico navio que leva o nome do naturalista russo Wladimir Bernard, o pai da Oceanografia brasileira, pode estar ao alcance de toda a população da Região e de todos os turistas que nos visitam.

Por isso, me reuni com a diretoria da Santos Port Authority (SPA) na busca por uma solução que valorize o potencial da histórica embarcação. O presidente da SPA, Fernando Biral, informou que estuda um destino digno para a embarcação no âmbito da relação porto-cidade.

A SPA provou sua preocupação com esta rica história ao evitar o naufrágio da embarcação, que foi abandonada no Porto, pelo Instituto do Mar (Imar), proprietário do navio.

Como o Imar afirmou não ter recursos para as medidas necessárias, coube à SPA atender esta emergência e evitar que a história da antiga embarcação da Universidade de São Paulo, construída na Noruega, fosse parar no fundo do estuário.

O navio, que chegou a Santos em 1967, batizado com o nome do seu idealizador, professor Bernard, falecido um pouco antes, prestou importantes serviços à pesquisa oceanográfica brasileira. Sua aposentadoria foi decretada após um incêndio em 2008, quando fundeado na Baía de Guanabara.

Em 2016, o Prof. Besnard foi doado à prefeitura de Ilhabela, que decidiu, em 2018, afundá-lo para que se tornasse um recife artificial. Mas o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat) interrompeu estes planos ao abrir um estudo de tombamento.

Agora, depois deste resgate no cais do Valongo, temos a chance de transformar o navio em uma atração turística regional. Coloco-me à disposição da SPA na busca por uma solução que valorize o potencial da histórica embarcação.

Eu tive a felicidade de viajar à Antártica. Vi a força da natureza e o espírito dos cientistas e marujos que cruzam mares desafiadores para desvendar mistérios, que podem nos ajudar a alimentar a humanidade e a compreender o clima do planeta. Tudo para salvar as futuras gerações e a manter viva a enorme riqueza do mar.

Por isso, devemos, sim, tentar salvar o legado deste bravo navio. Por que não tentar que o mar nos una mais uma vez?

Afinal, como escreveu Fernando Pessoa: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma. Que o mar unisse, já não separasse”.

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