Muita gente se assustou quando foram anunciadas medidas mais drásticas de controle para conter o avanço do coronavírus na Baixada Santista. Após a reunião dos nove prefeitos, feita na quinta-feira (19/3) a distância, por videoconferência, foram tomadas decisões de impacto, como o fechamento dos hotéis, das casas noturnas, a proibição de acesso à faixa de areia das praias, entre outras.
São medidas extremas porque estamos em uma região turística, onde boa parte da população depende do turismo para sobreviver. Compreendo o espanto e o medo daqueles que têm no turismo sua fonte de renda.
Mas o momento nos impõe a necessidade de termos um olhar mais a longo prazo da situação. Na verdade, pelo que estamos assistindo em vários países, a situação da saúde da população pode se agravar ainda mais se não formos duros, severos mesmo, na adoção de medidas de controle.
Os impactos serão ainda maiores se chegarmos ao quadro que se vive hoje na Itália, Espanha e até na França, com a perda de centenas de vidas. Nossa região correria, então, o risco de perder, por muito mais tempo, seu poder de atratividade de turistas, com prejuízos econômicos imensuráveis. As medidas têm também o poder de agir na consciência das pessoas.
Todos temos que saber que se trata de um momento excepcional, que requer providências também excepcionais. Se chegamos ao ponto de pedir que as pessoas não frequentem as praias, um hábito tão precioso e essencial para nós, moradores da Baixada, é porque a situação é grave.
Já consegui a liberação, pelo Ministério da Saúde, de mais 90 leitos de UTI para a região; pedi a criação do atendimento médico on line para evitar a superlotação dos hospitais, ambulatórios e prontos-socorros; cobrei da Anvisa que faça a inspeção sanitária nos navios antes deles atracarem nos portos, entre outras medidas.
Mas quero alertar que a quarentena para prevenção ao coronavírus não é sinônimo de férias. Não é para os milhões de paulistanos descerem a serra e se aglomerarem em nossas praias, shoppings etc. É um período para todos ficarmos em casa, cuidando para que o vírus não atinja nossos idosos, o grupo mais suscetível de contrair a doença, que pode, inclusive, tirar-lhes a vida.
A Baixada Santista tem mais de 20% da sua população na faixa acima dos 60 anos de idade. Temos que preservar a saúde dos nossos idosos. Temos capacidade de superar este momento e vencer esta ameaça. Logo os cientistas do Brasil e do mundo produzirão vacinas contra este vírus.
Assim, se formos disciplinados agora, a vida voltará à normalidade, com as praias repletas, o comércio funcionando a todo vapor, os hotéis lotados, as escolas com todos os alunos em sala de aula. Nossa economia estimulada e - mais importante - nossa vida preservada.