Aprendi na vida que todas as atitudes que tomamos, conversas com amigos, lugares que conhecemos, os trabalhos que realizamos, sempre têm grande importância. Minhas andanças como repórter, ao longo de 25 anos, me permitem, hoje, como deputada federal, ter uma compreensão da nossa região que jamais teria se não tivesse percorrido tantos caminhos.
São muitas as situações no cotidiano como deputada federal em que recorro às memórias adquiridas ao longo da vida. As pessoas me falam o nome de um bairro e logo sei do que se trata e me veem à mente até imagens do local.
Recentemente recebi um amigo, Ulisses Garavatti, que veio me mostrar um problema de drenagem que poderia ser resolvido com a instalação de comportas no Sambaiatuba, em São Vicente. Imediatamente me lembrei da situação do local, pois estive lá muitas vezes ouvindo a população e tomando conhecimento dos problemas.
Assim também acontece com lugares no Vale do Ribeira. Se me falam no Ariri, por exemplo, em Cananéia, me lembro do senhor que fazia farinha, do pescador, dos botos que passam todos os dias nas águas do rio em frente ao bairro e da Vila fantasma do Ararapira, que fica já do lado do Estado do Paraná.
Tenho amigos e histórias em todos os recantos da Baixada e do Litoral. Mas esta identificação vai além. Está sedimentada nas conversas com os caiçaras, que vivem da pesca, da agricultura de subsistência e do artesanato. Tenho no coração e na alma os saberes que aprendi com esta gente maravilhosa do nosso litoral, dos quilombos, das aldeias indígenas e dos moradores das cidades.
Com eles aprendi a olhar nos olhos e ver além dos que estão me dizendo. Assim posso sentir se o que me falam é verdade ou não. Se é verdade eu me aprofundo ainda mais no que ouço. Se não é verdade procuro entender porque estão mentindo. Mas não guardo rancor. Sigo em frente, pois sei que todos podem melhorar, progredir e encontrar a real felicidade, baseada no amor e na verdade.
Hoje converso com ministros, governadores, deputados, presidente da República, prefeitos, vereadores. Confesso que os políticos em geral têm mais habilidade em esconder o que querem quando falam conosco. Mas até neles consigo perceber a energia, o que os motiva. Sou respeitosa, mas nunca deixo de falar o que quero, a minha verdade, os pedidos para minha região.
E assim sigo em frente, persistindo, acreditando. Muitos me dizem que a política não é pra pessoas como eu. E admito que não fui mesmo preparada para a política como ela é, mas sigo confiante e fazendo meu trabalho como enxergo que a política deveria ser. E, não vou mudar. Primeiro, porque é o meu jeito e depois, porque estou provando que a mudança dá certo. Este caminho da vida, que chamo de Deus, está me ajudando.