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Os “invisíveis” estão chegando

46 milhões de brasileiros sem conta em banco, sem acesso à internet e com CPF inativo. Uma realidade que nos impõe agora uma agenda solidária

A pandemia do coronavírus não para de dar lição ao mundo e ao Brasil. Se a classe política não aprende rapidamente estas lições, podem ter certeza de que o povo já aprendeu.

O programa de ajuda emergencial aos brasileiros sem renda revelou pessoas sem CPF ativo, sem conta em banco, sem aceso à internet, sem teto, os chamados “invisíveis” do Cadastro Único.

São mais de 46 milhões de brasileiros desempregados, autônomos ou trabalhadores informais que ficaram sem renda por causa da pandemia, e agora dependem da ajuda de R$ 600 do Governo Federal por uma questão de sobrevivência.

Ao irem buscar o dinheiro na Caixa Econômica Federal, eles não tinham uma existência documental completa. Este imenso contingente de “invisíveis” representa, por exemplo, a população de um país como a Espanha.

Outra lição da pandemia: as autoridades, ao pedirem corretamente para que a população ficasse em casa, viram que não foram atendidas em grande parte. Isso porque muitos não têm como ficar em casa porque moram em submoradias com um ou dois cômodos. Ou seja, ficar em casa significa não ganhar dinheiro para comprar comida, além de uma condição inevitável de aglomeração, tudo que não se recomenda em caso de pandemia.

Esta tardia “descoberta” dos “invisíveis” é uma lição implacável para a classe política brasileira.

Ou nos mobilizamos com urgência para enfrentar este problema agora, ou o vírus, nesta segunda fase, pode atingir dramaticamente esta parcela mais vulnerável da população em todos os sentidos.

O vírus chegou primeiro para os mais privilegiados, que frequentam aeroportos, depois castigou os trabalhadores da saúde, e agora começa a chegar às periferias das grandes cidades e às populações de rua.

A Baixada Santista já tem 80% dos seus leitos de UTI comprometidos. Na Capital, São Paulo, 20% da população, 2,3 milhões de pessoas, vivem em áreas cobertas por sete subprefeituras, que não têm um único leito de UTI. Os hospitais melhor equipados ficam longe dos mais carentes e dos “invisíveis”.

Por isso, não podemos, neste momento, nos perder em rixas políticas, em disputas eleitorais. O que não cabe agora é submeter o País a um processo de impeachment, como se não bastassem as duas pandemias que já vivemos, a da saúde e da economia.

Não tenho medo, não, de dizer o que penso. Não gosto deste reme-reme politiqueiro, demagógico. Não sigo ideários nem de esquerda nem de direita. Sigo o que acredito, o que está no meu coração. Fui assim a vida inteira e não vou mudar agora porque sou deputada federal.

Enfim, alerto a todos os que estão apostando em mais uma crise, em mais uma disputa política, que o povo não é bobo, percebe tudo isso e já estabeleceu uma agenda para os próximos dias: salvar vidas, dar atenção aos mais pobres, prestar atenção aos “invisíveis”.

Porque os “invisíveis” estão chegando, vão tirar título de eleitor e votar para cobrar uma existência digna, visível aos insensíveis.

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