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O risco da bolha

Outro dia destes, ouvindo rádio, um jornalista que voltou de férias comentou, para descontrair, que ficou sem acompanhar o noticiário por um tempo e que nada mudou na sua vida.

Já estamos acostumados a ouvir isso de pessoas que não trabalham com noticiário e que, de fato, médicos e psicólogos alertam que consumir notícias o tempo todo pode ser prejudicial, criar um clima de tensão desnecessário e etc.

Mas este aparente “deslize” do jornalista, de certa forma sendo um pouco crítico com sua atividade, não deixa de reafirmar um fenômeno que conhecemos, mas nem sempre temos coragem de admitir.

É a tal da bolha em que vivem aqueles que trabalham com informação, com política, com economia.

Esta bolha caracterizada pela intensidade da informação pode, sim, nos levar a uma compreensão compartimentada da realidade. Pode nos dar a sensação de que o mundo caminha e as coisas acontecem dentro desta percepção segmentada do cotidiano.

O mundo dos comentaristas políticos, dos analistas econômicos, dos que vivem nos gabinetes do Executivo e nos parlamentos é, sim, uma parte da realidade, representa, sim, um importante aspecto da sociedade.

Mas também não representa toda a realidade, todo o sentimento da população, todo o cenário em que vive a sociedade.

Esta compreensão sobre a bolha, ou as bolhas a que estamos sujeitos, de acordo com as nossas atividades, tem aumentado. A política também é vítima desta visão compartimentada e do conteúdo predominante no noticiário.

Afinal, os critérios básicos de noticia são o conflito, a polêmica, o impacto, o ineditismo. É como, entre jornalistas, dizemos que notícia é quando o homem morde o cachorro, e não o contrário.

Digo isso porque, do lado de fora desta bolha, tenho constatado que a grande maioria dos brasileiros não vive esta agenda imposta pelos fatos políticos.

As pessoas estão lutando por empregos ou para se manter neles, quando os têm, para levar comida para casa, para que os filhos estudem e também para serem felizes entre familiares e amigos.

Não raro os que vivem na bolha se surpreendem com os resultados das pesquisas quando elas apontam, na opinião pública, realidades diversas da sensação produzida pelo noticiário. Não que as notícias estejam erradas. As notícias são as notícias. Mas a vida, também, é a vida.

O que preocupa, hoje, é estarmos sendo obrigados a viver uma agenda formada a partir de visões únicas da realidade. O País precisa de um pouco de paz para poder retomar a economia, criar novos empregos, para que as pessoas tomem suas vacinas, que os estudantes voltem às aulas com todas as normas de segurança e saúde.

E que o Congresso e a classe política produzam resultados mais conectados com as necessidades da população, cuja grande maioria não é filiada a partidos políticos e busca, simplesmente, viver suas vidas com dignidade.

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