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O desafio do lixo flutuante no mar

Quantas vezes não observamos preocupados a quantidade de lixo flutuante no mar da nossa região? É um problema antigo e que, além dos danos ambientais e à fauna, prejudica muito o turismo. E se prejudica o turismo, afeta também o comércio e o setor de serviços, que tantos empregos mantém na Baixada.

O que muita gente já imaginava, agora foi comprovado por um levantamento importante. Estudo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelp) comprovou que quase 90% do lixo coletado nas orlas das praias vêm das áreas com estrutura urbana precária, como as palafitas encravadas nos manguezais do estuário, cujas águas circulam principalmente entre Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá e Cubatão.

A Abrelp pesquisou a rota do lixo flutuante e concluiu que ele deságua por três rotas distintas: as comunidades de palafitas; os canais de drenagem e a orla da praia. Apenas 10% do lixo são jogados diretamente nas praias. O início do monitoramento foi em 2018 e seguiu até 2020, quando a pandemia começou.

Outro exemplo do problema foi a coleta, pela ONG Ecomov, no Dia Mundial do Meio Ambiente, de 1.300 tampinhas de garrafas PET, em apenas uma praia, a de Itaquitanduva, em São Vicente, que fica dentro do Parque Estadual Xixová-Japuí.

Este problema já foi enfrentado em outras ocasiões pelas prefeituras da região. Ano passado, um esquema de coleta foi realizado no estuário de São Vicente pela Cooperscar Tortugas Ambiental, uma cooperativa que utiliza barcos e equipe de coleta.

Com duas embarcações coletoras e uma catraia para deposição do lixo, a equipe percorria, do Largo do Pompeba, no estuário de São Vicente, até a Divisa com Santos, recolhendo grande quantidade de resíduos flutuantes, que eram depois encaminhados ao aterro do Município. A Prefeitura de Santos também chegou a realizar trabalho nesse sentido ao longo das praias e mangues.

Recebi a informação de que a cooperativa pretende voltar a realizar o trabalho, incluindo educação ambiental nas comunidades, onde a maior parte do lixo é lançada ao mar, e também nas marinas para conscientizar os navegantes.

A cooperativa quer dar destinação ambiental adequada para os resíduos coletados, enviando-os para unidades de tratamento, seleção ou reciclagem, de acordo com a característica de cada material retirado do mar.

Vejo que este estudo da Abrelp veio em boa hora, já que a própria associação tem seu projeto, chamado Lixo Fora D'Água, e a cooperativa de São Vicente também manifesta vontade em atuar nesse sentido. O ideal seria uma ação metropolitana, envolvendo todas as cidades afetadas pelo problema, que é causado, também, nos próprios municípios.

Seria uma boa iniciativa a ser capitaneada, por exemplo, pelo Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), que organizaria um sistema de captação do lixo flutuante lançado no estuário e que afeta todas as praias da região. A ação seria acompanhada de uma forte campanha de educação ambiental.

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