Preocupa o fato de que muitos brasileiros estão deixando de tratar câncer, doenças cardíacas e outros problemas, com medo de frequentar hospitais por conta da pandemia do novo coronavírus.
Os últimos levantamentos apontam que houve uma queda de até 27% de internações de pacientes da rede de saúde, pública e privada, que deixaram de fazer tratamentos de câncer e outras doenças.
Dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (Ahahp), que reúne indicadores de 119 instituições privadas em todo o Brasil, informam que a busca pelos atendimentos de emergência caiu 40% no primeiro quadrimestre, em comparação a 2019.
Pedi ao Ministério da Saúde a realização de campanha nacional de orientação da população sobre a importância de se buscar atendimento médico para tratar outras enfermidades.
Reivindiquei também ao Governo Federal que ajude os prefeitos da Baixada Santista e do Vale do Ribeira a adotar ações preventivas nesse sentido.
Mesmo os hospitais estando abertos para tratar outras doenças, a pandemia da Covid-19 afugentou pacientes em risco de morte de emergências e atendimentos.
A Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista apontou uma queda de 50% nos atendimentos a pacientes com infarto, em comparação com o mesmo período de 2019.
É preocupante a redução da busca por tratamento para problemas de saúde que não podem esperar e não apresentaram redução de casos, mesmo com a quarentena. Para se ter uma ideia, os atendimentos por câncer tiveram 23% menos internações nesse primeiro quadrimestre. Nos casos de problemas do aparelho circulatório (como infarto), as internações caíram 21%.
Um dos maiores temores está na queda dos exames para detectar neoplasias. Especialistas lembram que está havendo adiamento de diagnóstico de cânceres, o que significa que pessoas não serão tratadas no tempo correto. E em câncer isso é fundamental para o prognóstico.
É claro que os que não precisam sair de casa para fazer consultas e exames não devem fazê-lo. Mas dar atenção só para Covid-19 traz o risco de ignorarmos o atendimento de doenças crônicas que podem se agravar.
Sugeri ao Governo Federal que dê suporte para que as prefeituras ampliem seus sistemas de drive thrus utilizados em testes e vacinações para promover um pré-atendimento e, quando necessário, viabilizar agendamento médico na rede pública.
Outra ação preventiva é utilizar os sistemas dos programas de saúde da família, onde houver, para realizar uma busca ativa em pacientes já cadastrados ou não, de forma a impedir que fiquem esquecidos em casa e venham a morrer por falta de atendimento.