Estatísticas sobre a educação pública no Brasil são motivos de grande preocupação
Esta semana protocolei no Congresso dois projetos de lei sobre Educação.
O primeiro estabelece que as escolas públicas do país deverão garantir atendimento psicopedagógico para os alunos dentro da própria escola.
Hoje em dia, isso não acontece.
As crianças com dificuldades no aprendizado são encaminhadas para um psicopedagogo que atende em consultórios fora da escola.
A maioria das famílias das crianças não tem condições financeiras para bancar esse acompanhamento.
Quando conseguem, demoram meses para serem atendidas, e quase sempre abandonam o tratamento precocemente.
O outro projeto de lei que protocolei determina que os alunos de Ensino Médio das escolas públicas e privadas sejam preparados por meio de aulas temáticas para o ingresso no mercado de trabalho.
Hoje, muitos adolescentes ficam perdidos na hora de encarar o início da vida profissional.
Não sabem nada sobre currículo, postura em entrevistas, atitudes no trabalho, carreiras disponíveis e como se posicionar neste universo.
A escola pode contribuir de maneira direta para esse entendimento.
Mesmo que em alguns locais mais carentes isso não seja possível acontecer, temos que começar e cobrar.
Apresentar projetos na área da educação tem um significado especial para mim.
Aos 17 anos, concluí o Magistério do Colégio dos Andradas, em Santos.
Passei em concurso público, e paguei minha faculdade de Jornalismo dando aulas para crianças do Ensino Fundamental na Prefeitura de Santos.
Trabalhei nas escolas Luiza Macuco, na Ponta da Praia, Lourdez Ortiz, na Aparecida, e José Genésio, no Morro do José Menino.
Também fui professora universitária no curso de Jornalismo, e vejo com preocupação os contingenciamentos que o Governo Federal está impondo às universidades públicas.
No entanto, foram os anos que passei junto às crianças que me deram a convicção que em nenhuma hipótese a educação básica pode ser negligenciada.
Recentemente, o Instituto Todos pela Educação fez uma radiografia do ensino no Brasil!
Os dados são aterradores.
De cada 100 crianças brasileiras, só a metade sabe ler aos 8 ou 9 anos.
Isso tem reflexos no Ensino Médio, onde apenas 27% dos alunos conhecem português em nível adequado.
Na matemática é ainda pior, apenas 7.3% sabem os fundamentos da matéria.
É por essas e outras tragédias educacionais que o Brasil continua ocupando os últimos lugares no ranking mundial da qualidade de ensino.
Nenhum país conseguiu ter uma evolução econômica sem uma educação forte.
Por isso, temos que dar um grito, fazer um apelo pela educação de qualidade.
Temos 48,6 milhões de alunos, 2,2 milhões de professores, 184 mil escolas, sendo 78,5% delas públicas.
São números gigantescos que precisam ser administrados pela sociedade e pelo governo.
Isso passa pela valorização dos salários e da carreira dos professores, e se completa com um
investimento maciço de recursos.
Nós não podemos esquecer que educação nunca foi despesa.
Educação é investimento, com retorno garantido.