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Desabafo

Não há país no mundo, família ou amigo que não tenha sofrido com esta pandemia, que não tenha perdido parentes e gente que ama. E não se trata de comparar tristezas. Mas de reclamar desta. As pessoas têm sim o direito de reclamar. De desabafar.

Além dos amigos e dos ídolos que perdemos, da tragédia que se abate sobre o Planeta, até quando abrimos a janela ficamos tristes. As ruas e praças vazias, sem a algazarra das crianças. Grande parte do comércio com as portas fechadas. Apesar de alguns abusos, há, sim, muita gente se resguardando, cumprindo as normas de distanciamento, fazendo o sacrifício que deve ser feito.

Além das perdas de vidas, tristeza que corta como faca é ver milhões de brasileiros perdendo seus empregos, passando fome. Rezamos e trabalhamos todos os dias para a vacina chegar logo para todos e a vida começar a voltar ao normal.

Digo começar porque será preciso muito esforço e ajuda para que os empregos sejam retomados e a vida econômica do País volte a seguir em frente, criando as vagas e oportunidades que todos esperamos.

Do ponto de vista de prevenção à Covid-19, ver tudo vazio mostra que estamos fazendo o certo. Mas reconheço a dor dos avós sem ver os netos, dos parentes que não se visitam há mais de um ano. É o preço por ser consciente neste momento. Mas é triste também não ver crianças brincando nos jardins da praia, jovens praticando esportes.

É triste também ver os surfistas impedidos de pegar ondas. Eles são o símbolo da liberdade e da sintonia desfrute com a natureza que tanto prezamos. Isso sem falar nos artistas sem fazer shows, nos ambulantes trancados em casa.

Antes de ser jornalista ou de ser deputada, sou como qualquer morador da região. Por isso, entendo perfeitamente todos que reclamam deste sacrifício a que estamos impostos.

Mas temos que seguir em frente. Todos os dias peço a Deus conforto para os que perderam entes queridos. Peço proteção para poder trabalhar e ajudar a população da minha região e a todos os brasileiros.

Agradeço pelas conquistas, pelos recursos destinados à saúde, pelos leitos que chegaram e que venham muitos mais, porque ainda são poucos. Peço a Deus que nos ajude a sair desta crise e a espantar esta enorme tristeza.

Vamos levantar a cabeça. Dar a volta por cima.

Entendo o desabafo de muita gente e confesso que foi um alívio poder também desabafar nestas linhas, poder reclamar como qualquer brasileiro que não aguenta mais esta pandemia.

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