Recebemos o alerta de emergência hídrica para o período de junho a setembro em cinco estados brasileiros: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
A falta de chuvas nestes estados fará a conta de luz ficar mais cara em junho, com a adoção da bandeira tarifária vermelha, segundo anunciou a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Por isso, junho deve começar com os principais reservatórios em níveis mais baixos do que o normal para esta época do ano, o que indica redução na geração de energia nas usinas hidrelétricas e aumento de produção nas termelétricas.
Se há risco hidrológico, é preciso economizar até para que não ocorram os apagões nas cidades, onde o consumo é sempre mais elevado.
Os estados afetados estão sob influência da bacia do Rio Paraná, com produção agropecuária e que abriga grandes hidrelétricas, como a Itaipu Binacional.
As primeiras informações que nos chegam indicam que enfrentaremos a maior crise hídrica dos últimos tempos.
Para evitar apagões, o Governo regulamentou a compra de reserva de capacidade energética, na forma de potência, que ficará disponível para atender necessidades dos consumidores servidos pelo do SIN (Sistema Interligado Nacional).
A contratação dessa reserva permite suprir eventuais oscilações na demanda e assim tentar evitar os apagões.
Em São Paulo, que já enfrentou grande crise hídrica, não podemos deixar de lembrar das obras realizadas pelo ex-governador Geraldo Alckmin, que interligou as represas Jaguari (bacia do Paraíba do Sul) e Atibainha (Sistema Cantareira).
A iniciativa permite a transferência de água da represa Jaguari para a Atibainha, garantindo maior segurança hídrica para o abastecimento da população. A obra, necessária desde a década de 50, teve um aspecto interessante. Foi o entrosamento entre as esferas federal e estadual, uma vez que o Paraíba do Sul é um rio federal que passa por três Estados: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Na Baixada, temos o abastecimento interligado há anos e que será aperfeiçoado com a construção do reservatório de Guarujá, obra que não pode ser mais postergada por demora no licenciamento ambiental e demais autorizações.
Mas a lição que fica nesse contexto, que agora começamos a enfrentar, é a necessidade da realização de obras com visão de longo prazo, ou seja, ações de estadistas, e não de gestores que se preocupam apenas com as próximas eleições.
Obras de questões hídricas, logísticas e estruturantes devem ser feitas hoje para que os resultados sejam desfrutados bem depois. Ou seja, quem faz tais obras certamente não vai colher os frutos eleitorais delas. Precisamos encontrar meios de dar mérito aos que agem para o amanhã. Caso contrário, ficaremos presos a agendas de polarização que visam apenas à próxima eleição.