Fui dezenas de vezes ao Monte Serrat, em Santos, mas não esqueço aquele dia de gravação em que uma senhora me acompanhou por várias horas. Esperou pacientemente, enquanto eu subia e descia as escadarias para encontrar moradores antigos e personagens que me contassem a história do lugar.
Já era quase fim de tarde quando terminei. Só então ela disse: "Agora, quero levar você até minha casa porque tenho uma surpresa".
Ao entrar na sala, levei um susto. A mesa de jantar estava posta como um banquete. Tia Panca, como é conhecida na comunidade, soube que eu iria gravar o programa Rota do Sol no morro. Sentiu vontade de me preparar um almoço. Aquela senhora havia feito todas as coisas que gosto de comer. "Sei que adora de peixe, farofa, bolo de banana, pudim... " ela dizia. Fiquei emocionada. Foi uma grande demonstração de carinho e amizade de alguém que eu nunca tinha visto, mas que me conhecia bem.
Tia Panca e toda fartura que vi naquela mesa serviram também para confirmar o que eu já desconfiava. Tenho fama de "boa de garfo", mas quero esclarecer: o fato das gravações do Rota quase sempre terem comida, não significa que eu seja comilona (risos).
Considero a gastronomia uma fonte de conhecimento, de cultura e da identidade de um lugar. Acredito que ao saborear um prato típico é possível descobrir muito da história, dos hábitos e das tradições de um povo. Por entender assim, quando o assunto é culinária, aproveito minhas viagens para provar de tudo. Certas experiências não me deixaram com água na boca, mas valeram pela chance única de descobrir novos sabores.