Quando decidi interromper uma carreira de 25 anos de Jornalismo para me candidatar a deputada federal, muita gente me avisou que eu não teria chances, que não seria eleita, que a força do poder econômico impediria a minha vitória.
Hoje, quase no terceiro ano do meu mandato, vejo que, em parte, estes alertas tinham razão de ser.
Afinal, compreendi que as chances de sucesso dos candidatos com apoiadores ricos são bem grandes. Muitos têm a seu favor, inclusive, o poder de empregar apoiadores na máquina pública, ocupando cargos de confiança com pessoas que têm potencial de angariar votos e, assim, trabalhar para sua eleição.
Isso não é nenhuma novidade. Já ouvia isso quando era jornalista. Mas a gente entende mais quando sente na pele. No meu caso, quando percebo que terei que enfrentar nomes fortes e poderosos na minha campanha de reeleição à deputada federal.
Mas, como disse no começo desse texto, esses argumentos têm fundamento em parte, não no todo. Isso porque fui eleita com poucos recursos, conversando com as pessoas nas ruas, padarias, feiras, em todo lugar.
Fiz uma campanha pé no chão e consegui 106.100 votos. Fui votada em todas as cidades da Baixada e do Vale do Ribeira. Além de alguns votos em outras regiões.
O fato de não ter tido apoio de grupos poderosos acabou favorecendo o meu mandato, pois não estou presa a ninguém, não devo favores e tenho total autonomia em minhas ações, projetos e lutas em nossa região.
Pedi e ainda peço recursos e obras para as autoridades municipais, estaduais e federais, sem me preocupar qual o partido delas ou suas ideologias.
Assim consegui mais de R$350 milhões em investimentos públicos para a Baixada e Vale do Ribeira.
Na reeleição, certamente enfrentarei mais adversários. Muitos deles fortes e poderosos, que poderão mobilizar pequenos exércitos remunerados para tentar me conter.
Por isso voltaram a ocorrer os alertas daqueles que tentam me mostrar o tamanho da briga em que estou me metendo.
Mas vou continuar sendo a Rosana Valle de sempre. Conservo o espírito da menina que cresceu no BNH, estudou em escola pública, depois foi professora da rede municipal, repórter e agora deputada federal.
Acredito na força daqueles que também conservam esta postura, que muitos chamam de ingênua. Fico com a beleza e a pureza do sorriso das crianças e daqueles que me incentivam todos os dias a seguir em frente. Não vou mudar. Não vou ceder. Vou lutar. Sempre.