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Entrevista A Tribuna

Os 216.437 votos recebidos na reeleição para deputada federal, em 2022, serviram para Rosana Valle (PL) como uma demonstração não apenas de força eleitoral mas de relevância na Câmara dos Deputados, um cenário dominado por homens. A um ano e meio de novas eleições, ela garante: os seis anos de mandato trouxeram

experiência para lidar com diversas situações e maturidade na tomada de decisões. Ela conversou com A Tribuna na última quinta-feira sobre projetos, a relação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador Tarcísio de Freitas (Republica-nos) e um olhar sobre a presença feminina na política.

AT: O principal assunto político da última semana foi o ex-presidente Jair Bolsonaro ter se tornado réu por conta do 8 de Janeiro. A senhora chegou a conversar com ele sobre essa situação?

A minha opinião é a de todos que defendem a direita: está havendo um julgamento politizado, sem dar espaço para ampla defesa, falando de uma tentativa de golpe baseada em uma minuta que não foi assinada, que não teve ação orquestrada. Uma tentativa de golpe sem arma. O que eu entendo que aconteceu lá foi um ato de vandalismo. As pessoas invadiram os prédios públicos e o Bolsonaro está vivendo uma politização da justiça. Eu até usei uma frase que fala que "quem tem juízes acusadores precisa ter Deus como defesa". E é o que a gente está assistindo. O ministro Alexandre de Moraes é a vítima, o acusador e agora o juiz também.

AT: Pensando em 2026: caso o ex-presidente Jair Bolsonaro não seja candidato, o governador Tarcisio de Freitas é o seu candidato a presidente?

Ele tem falado que vai ser candidato à reeleição. Acredito que deve ser nesse encaminhamento mesmo, porque tem projetos que precisam de uma continuidade.

Ele sempre fala que ele quer deixar um legado em São Paulo, com oito anos de mandato. Tem muitos outros projetos no Estado que precisarão de continuidade.

AT: Deputada, já são seis anos de mandato. O que essa vivência em Brasília ensinou para a Rosana Valle parlamentar e para a Rosana Valle cidadã?

É duro, um ambiente pesado essa da política, e para as mulheres ainda é mais pesado. Eu entrei muito idealista e procuro manter isso, porque é o que faz sentido para mim ao ser política. Mas a gente enfrenta muitas situações dificeis, em que a gente percebe claramente que há uma briga muito pesada pelo poder. E eu não entrei na política pelo poder, mas pela minha vontade de fazer mais do que eu fazia como jornalista.

E fui fazendo isso, tanto que eu trouxe para a região R$ 700 milhões em obras que estavam paradas e acabaram retomadas. Todos falam da Ponte dos Barreiros, mas foi um detalhe entre tantas coisas que eu consegui por meio do meu mandato.

AT: Como a senhora vê a participação feminina na política?

Consegui transformar bastante a política, trouxe muitas mulheres, mostrando que elas precisam participar mais. Pela primeira vez, em muito tempo, a gente não viu problemas em ter candidatas mulheres para vereadoras. Sempre o Ministério Público ficava alertando: "olha, vamos ter candidatos laranja, não podemos deixar isso acontecer". Porque chamavam as mulheres para cumprir tabela. E aí as mulheres começaram a ver quanto é importante, o quanto fazem a diferença na política, e a gente teve uma excelente participação feminina.

AT: Como é atuar diretamente nesse processo? 

Eu acredito que tenho sido uma inspiração para muitas mulheres e fico feliz por isso. Falo dos bastidores, faço muitas reuniões, falo e elas percebem o trabalho que eu faço, me acompanham, eu dou satisfação de tudo que faço. Não começou agora como política, eu já fazia isso como jornalista, sempre tive uma rede social forte. Um dia eu vou sair da política com a cabeça erguida, sabendo que na minha passagem eu fiz de tudo para honrar a confiança da população.

AT: A senhora esteve recentemente na obra do Aeroporto de Guarujá e mostrou que a pista já está praticamente pronta. Como é ver esse projeto andando?

Considero o Aeroporto de Guarujá uma das principais conquistas do nosso mandato. Quando a gente assumiu, não tinha nem outorga. Lever para o entao ministro (da Infraestrutura) Tarcísio e falei:

"olha, a população pede isso aqui há muito tempo. Já foram feitos vários projetos, eles não vão adiante nunca". Com o tempo e adaptações no projeto, houve a outorga.

Veio a pandemia, o Bolsonaro resolveu colocar a Infraero para resolver e o prefeito concordou. Dali começamos a fazer todo um trabalho para a Cetesb autorizar. E precisava do dinheiro: fui, um a um, nos deputados da bancada paulista. Fiz uma cartinha, mostrei a pista do aeroporto, passei vídeo e aí eles concordaram.

"Vai para o seu aeroporto", e eu falei, "é da região, do Estado de São Paulo".

AT: O que a senhora sente ao observar a obra da terceira fase do VLT dando os primeiros passos rumo à Área Continental vicentina?

Eu questionei muito quando a segunda fase foi no Centro de Santos. Procurei o secretário estadual de Transportes na época. Gravei vídeos, fiz reuniões, mas começaram aqui a segunda fase.

O governador também sabia que tinha que levar para la. Ele sabe, ele conhece muito bem a região.

Eu martelei muito. Eu fiz parte do plano de governo dele e parte da transição do governo também.

AT: A senhora poderia até ter sido a vice dele.

Sim, ele queria que eu fosse. Ele fez o convite para eu ir ao PL, ele foi assinar a minha filiação. Mesmo ele sendo do Republicanos, eu falei para ele:

"Só vou para o PL se você assinar a minha filiação". São Paulo ganhou muito com o Tarcísio de Freitas como governador.

AT: E com relação ao projeto de lei sobre a questão da mamografia a partir de 40 anos no Sistema único de Saúde (SUS)? Qual o significado disso?

A ideia desse projeto da mamografia surgiu por conta de uma polêmica relacionada aos planos de saúde. A ANS lançou uma consulta pública para recomendar que os planos de saúde ganhassem uma certificação se cumprissem alguns critérios. Um deles era recomendar a mamografia depois dos 50, de dois em dois anos. Quem olhou aquilo se revoltou, porque a idade perigosa para esse tipo de tumor é dos 40 aos 50. 

Descobrimos que a ANS só seguiu a recomendação do SUS, Então, é ele que está errado. Eu tinha esperança que o texto fosse votado agora na Semana da Mulher. Nós não conseguimos ainda, mas eu estou articulando para que esse projeto seja pautado. Porque não tem quem discorde que é um projeto importante.

AT: Além da mamografia, quais são as pautas mais prementes que a senhora está acompanhando?

Eu estou sempre apresentando projetos de lei, quase praticamente toda semana. 

Agora, a gente protocolou um sobre o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Quando a pessoa mora numa cidade de calamidade, ela pode receber dobrado naquele mês. As pessoas querem comprar um colchão e não tem. Elas vivem, às vezes, do BPC.

Então, estou sempre protocolando projetos de lei, ouvindo a população. Essa é uma vertente do meu trabalho, participando de comissões.

E a outra é trazer recursos para a região. Apesar de ser um governo de que eu sou oposição, eles me atendem, Eles têm que me atender.

AT: A senhora tem algum interlocutor do governo atual com quem consiga dialogar?

Eu converso com os ministros. Vejo os programas que existem, vou lá pedir, na semana que vem devo falar com o ministro do Turismo (Celso Sabino) para levar um projeto que a gente tem. E a gente tem as emendas parla-mentares. Por ano, são quase R$ 50 milhões de emendas parlamentares e a gente faz. essas destinações.

AT: A senhora mostrou preocupação quanto à gestão do IBGE. Tem observado algum tipo de influência política?

Nós tivemos esse preocupação porque vazaram umas informações de que estava havendo interferência política e suspeita de manipulação dos dados para que fosse usado por esse governo como campanha política, maquiando os dados. Seria como o Banco Central, que tem autonomia, para ficar desvinculado da política. Então, a ideia desse projeto é deixar o IBGE blindado da influência política, porque são dados importantíssimos para definir os rumos do nosso país, com base nas informações verdadeiras.

AT: Como a senhora define a responsabilidade de representar a Baixada Santista?

Eu tenho muita responsabilidade e muito orgulho de representar a Baixada Santista, o Vale do Ribeira, de ser uma deputada de São Paulo.

No primeiro mandato, eu fui eleita pela minha história e no segundo, pelo meu trabalho. Para mim, tem um peso muito grande, uma responsabilidade de continuar trabalhando e fazendo tudo o que eu puder para deixar um legado para a população. Ser reconhecida como uma deputada atuante, com um trabalho sério, transparente e que tem orgulho de representar essa região, uma região que eu conheço como poucos. Acho que, acima de ideologia, a gente tem que priorizar as necessidades da população.

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