
Quando li a notícia pela primeira vez, confesso: pensei que fosse piada. Daquelas mal contadas ou extraídas das manchetes exageradas e sensacionalistas que circulam nas mídias sociais. Porém, o assunto ganhou peso e a ideia foi noticiada pelos veículos tradicionais da imprensa. Então, a CBF estaria mesmo cogitando repaginar a tradicional camisa azul da Seleção Brasileira, aquela que nos acompanhou em tantas conquistas históricas, por uma versão vermelha?
E por que vermelha?
A camisa azul é mais do que um uniforme. Ela carrega a memória de gols antológicos, de jogos memoráveis, de ídolos que marcaram gerações, de Pelé a Romário, de Ronaldo a tantos outros que entraram para a história do futebol vestindo aquelas cores. Cores que fazem parte da nossa identidade, do nosso orgulho, da nossa nação.
E agora, querem trocar isso por uma cor que, além de não estar na nossa bandeira, ainda vem carregada de um simbolismo político evidente. A justificativa oficial pode ser “inovação”, “homenagem” ou qualquer eufemismo marqueteiro. Mas o que se vê é outra tentativa de empurrar goela abaixo uma agenda ideológica, desta vez disfarçada de design esportivo.
O estatuto da própria CBF é claro no Art. 13 do Capítulo 3: os uniformes devem respeitar as cores existentes na bandeira do Brasil — verde, amarelo, azul e branco. O que acontece atualmente com a camisa amarela e com o segundo uniforme, o azul. A proposta, portanto, além de absurda, parece ilegal. E, acima de tudo, desrespeitosa. Desrespeitosa com o nosso passado, com os símbolos nacionais, com a história de um país apaixonado por futebol. O torcedor? Esse não quer saber de militância ideológica no campo. Quer ver a Seleção jogar, vencer, emocionar; vestida com as cores que sempre representaram o Brasil.
Estamos falando de muito mais do que uma simples troca de cores. Isso é um gesto simbólico. Uma tentativa de apagar tradições sob o pretexto de “modernidade”. Mas modernizar não é esquecer quem somos, muito menos manipular símbolos nacionais para agradar uma parcela ideologizada.
O assunto ganhou tamanha polêmica que a própria CBF veio a público afirmar que, apesar das sugestões do patrocinador, não há nenhuma decisão concreta sobre a nova camisa da Seleção.
Espero que prevaleça o bom senso, já que a maioria, com razão, rejeitou a ideia e considerou uma aberração. Mexer com a camisa da Seleção é como mexer na alma do torcedor. É uma afronta à nossa memória esportiva.
Estamos vivendo tempos em que a “verdade absoluta” da ideologia partidária tenta se infiltrar em tudo: no futebol, nas artes, na educação, na cultura. Enquanto isso, o Brasil segue enfrentando problemas reais. O que deveria ser prioridade — segurança, saúde, geração de empregos — acaba ficando em segundo plano, tirando o foco do que realmente interessa: uma política voltada para as reais necessidades dos brasileiros. O que, infelizmente, não vem ocorrendo no governo desencontrado e sem rumo do PT.
Deixo aqui, como deputada e cidadã, meu protesto: firme, sereno, mas indignado.
Em verde, amarelo, azul e branco.
Vermelho? Só se for de vergonha.
Rosana Valle, jornalista, escritora e deputada federal