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O Escolástica pede socorro

Eram os anos 40 quando a família de minha mãe foi separada. Minha avó portuguesa morreu ainda jovem,  vítima de complicações na gravidez. Cada um de seus seis filhos teve um destino. Enquanto minha mãe foi acolhida pela madrinha de batismo, um de seus irmãos acabou em um orfanato para meninos pobres. Nos anos 80, já com filhos e netos meu tio Agostinho contava com entusiasmo sobre o ofício de marceneiro que aprendeu nos anos em que morou no instituto Dona Escolástica Rosa. Lembro-me bem de ouví-lo explicar sobre a infância ali, toda vez que passávamos em frente a construção histórica. 

Toda vez que o assunto de meu mandato envolve ações e reuniões a respeito do prédio histórico, a imagem de meu tio Agostinho me vem a cabeça. Recentemente, a diretoria da Santa Casa de Santos, proprietária do imóvel me procurou com a proposta de transformar o prédio do Instituto Colégio Escolástica Rosa, em um colégio da Polícia Militar.  Fechado desde 2019, o imponente prédio da avenida da praia se deteriora a cada dia.

Levamos a proposta ao secretário estadual, de Segurança Guilherme Derrite, e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que estudou em um colégio militar e se comprometeu a avaliar a questão. O governador disse que pretende criar duas escolas militares no estado de São Paulo. Por que não em Santos?  Para entender melhor toda esta história temos que voltar até o ano de 1899.

No fim da vida, rico e sem herdeiros, o comerciante santista, João Octávio dos Santos deixa toda a sua fortuna para Santa Casa.  No testamento, determina que a irmandade do hospital mantenha ali um colégio para acolher e educar meninos órfãos. Assim foi feito. Em janeiro de 1908, é inaugurado o Instituto Escolástica Rosa, nome da mãe de João Octávio. Gerações de santistas foram educadas no instituto, que depois se tornou uma conceituada escola técnica. Mas as coisas mudaram.

Mais de 100 anos depois, sem segurança, nem manutenção adequadas o prédio precisou ser fechado. Todas as tentativas de obter recursos para a recuperação do Escolástica deram em nada. A iniciativa privada não se interessou, a prefeitura muito menos, e a Santa Casa que tem um hospital para administrar, não consegue bancar a reforma estimada em R$ 50 milhões. Como santista e deputada federal, me incomoda essa situação.

Na gestão Dória, apresentei ao então governador o projeto de transformar o prédio em um hotel escola. A ideia não avançou. Agora, existe a possibilidade real do Escolástica se transformar em uma escola militar. Seria bom para Santos , bom para a Baixada. 

As Escolas Militares são instituições de ensino fundamental e médio, reconhecidas pela qualidade do ensino gratuito. Bem equipadas, possuem um currículo diversificado com todas as disciplinas acadêmicas e atividades extracurriculares.

O resultado são alunos preparados, com aprovação nas melhores instituições de ensino no país. Por isso, o processo seletivo é muito disputado por alunos e pais que querem um futuro melhor para os filhos. Ninguém é obrigado a estudar em Escola Militar, mas o que não falta são candidatos querendo uma vaga. Isso incomoda um segmento da sociedade que coloca a ideologia acima de qualquer interesse da comunidade.

Sem apresentar nenhuma solução viável para a recuperação do prédio do Escolástica, esses grupos agem de forma autoritária. Como não gostam da escola militar, não querem ela para ninguém. 

Tenho certeza que a postura dessas radicais não reflete a opinião da maioria dos pais e alunos da região, que consideram uma escola militar um ganho na  Baixada Santista. Afinal, quanto mais oportunidades de educação, melhor!

O Escolástica Rosa é um imóvel privado. Se vai se transformar em uma escola militar ainda não sabemos, caberá ao governo do Estado e a irmandade da Santa Casa decidirem.

Mas uma coisa é certa: do jeito que está, o Escolástica não pode continuar. Não importa qual seja a decisão, lutar para recuperar esse imóvel histórico, tão amado por todos os santistas será sempre uma das prioridades de meu mandato.

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