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Canta Galo, Guarujá. Quando a política faz todo sentido pra mim.

Acabo de voltar da entrega de 240 moradias no Guarujá. As famílias que receberam as chaves hoje perderam tudo na tragédia de março de 2020, quando pessoas morreram e famílias perderam tudo vítimas das chuvas intensas que castigaram os morros e as comunidades carentes da cidade. Lembro bem daquele dia. Foi uma das muitas vezes em que questionei meu papel como deputada. Sabia que aquelas pessoas, que haviam perdido o pouco que construíram ao longo de uma vida inteira, esperavam mais do que consolo. Esperavam socorro. Política pública. Esperavam por mim.

Situações como essa trazem, com força, o peso da responsabilidade que carrego. Ser deputada é muito mais do que discursar no plenário ou votar projetos. É entender que há vidas do outro lado da burocracia, esperando que alguém lute por elas.

Assim que soube da tragédia, sem perder tempo, procurei o Ministério do Desenvolvimento Regional, no governo federal. Levei imagens, relatos, rostos. Mostrei o drama das famílias que tiveram as casas levadas pela lama, pela água, pela ausência do poder público. Algumas vieram abaixo; outras foram interditadas. Imóveis condenados. Vidas interrompidas. Famílias que não podiam mais voltar.

Fiz um apelo: que o governo federal construísse um conjunto habitacional para quem perdeu tudo. O ministro da época, Rogério Marinho,  hoje senador pelo Rio Grande do Norte, me ouviu com atenção, mas foi direto:

— Deputada, não temos dinheiro no orçamento para habitação. Os recursos disponíveis são apenas para reconstrução: de ruas, estradas, e estruturas públicas afetadas pelas chuvas.

Olhei bem nos olhos dele e argumentei :

— Ministro, a construção dessas casas também é reconstrução. É a reconstrução da vida. Da dignidade. Da história de cada uma dessas pessoas.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos. Pensou, ponderou. E, a partir daquele questionamento, uma porta se abriu. 

Nascia ali um projeto-piloto que abriu uma nova possibilidade: a utilização de recursos da Defesa Civil Nacional também para a habitação.

A partir daquele dia, acompanhei cada etapa do processo: reuniões, pareceres, liberações. Foram quatro anos de trabalho e quase 30 milhões de reais investidos para transformar esse sonho em realidade.

E hoje, em 2025, estou aqui. Entregando as chaves. Recebendo o carinho de quem esperou tanto por esse momento. Duas meninas, Hadassa e Sofia, de cinco e seis anos, correm até mim e me abraçam. A avó delas recebeu a chave de um dos apartamentos. Depois de uma vida inteira, ela finalmente vai se mudar para um lugar seguro com as netas.

Naquele instante, me vejo ali. Fui criada em um conjunto habitacional muito parecido com este. Sei exatamente o que isso representa. Sei o que é crescer em um lar simples, mas seguro. E agora, aqui estou eu: ajudando outras famílias a conquistarem o mesmo.

Momentos como este me fazem entender porque estou na política.  Cada frustração, cada embate, cada injustiça enfrentada no caminho vale a pena. A vida pública exige, frustra mas também devolve. Às vezes, devolve em forma de lágrimas. Em outras, em forma de abraços sinceros, como o das meninas. E é em gestos, simples e profundos, que encontro forças para continuar.

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